olá pessoal,
tive uma consulta com a ortopedista essa semana (viva sus!). ela me disse que meu caso (protrusões discais que era hernia discal com outro médico, tendinite no pé, neuroma de morton no outro pé) não são resultado de idade (ela ficou ofendida quando eu levantei essa possibilidade) mas sim, por causa da minha preguiça (falta de exercício). ela: -se você não sabia, fisioterapia não faz nada se vc não continua com fortalecimento e alongamento! além disso, existem mil possibilidades—grátis—para começar hoje!
odeio palestras. mais ainda de profissionais que falam para mim o que eu posso/devo fazer, sem sequer perguntar o que eu consigo fazer, quais são as barreiras, ou oferecer indicações reais (dizer que eu posso fazer hidroginástica gratis é uma mentira). odeio respostas arrogantes, simplificadas e genéricas.
sei que medicos/as são assim. todes, em todos paises. na verdade, muitas pessoas são assim. fiquei pensando nisso. o quanto procuramos pessoas com respostas rápidas e o quanto gostamos de colocar num pedestal quem aparenta ter uma solução, ou faz alguma coisa mais ou menos interessante, e o quanto ninguém consegue ser tudo que queremos/precisamos.
já fui essa pessoa. achava o papa infalível, torcia para os heróis e queria imitar o caracter das pessoas que admirava.
não sei quando eu perdi isso. quando eu saí da igreja e percebi que era ateia ? quando eu comecei estudar abolicionismo e rejeitei tudo sobre o estado? quando ídolo após ídolo foi caindo e sendo cancelado?
imagino que foi num momento no meio de tudo aquilo. de qualquer forma, não venero mais ninguém, seja quem for—religioso, político, atleta, ativista, celebridade, família.
fico aliviada que o lula foi eleito, mas não acho ele um salvador ou um bom representante de uma “democracia saudável” (um conceito que não existe na prática). acho ativismo importante mas não quero "seguir” a maioria de ativistas famosos. não celebro a lei padre júlio (pessoal, pelo amor, parem de idolatrar esse padre branco, porta voz não eleito do povo de rua e com uma trajetória/atuação mega complicada). acho que jesus existia como uma pessoa histórica (a parte religiosa não é comigo mais), mas não fico me perguntando o que ele faria.
tenho muito a aprender com outras pessoas, mas não acho que há salvadores ou seres iluminados. acho que tem complexidade, soluções parciais e respostas difíceis. acho que tem trocas valiosas, não milagrosas, e pessoas interessantes, não santos.
nesse final de ano, com família bolosminion e faturas insuportáveis, vamos evitar pronunciamentos, pedestais e julgamentos. meu desejo para vcs é isso—que você consiga valorizar o que tem no outro sem venerar aquilo, aprender com ou outro sem se colocar para baixo, e lembrar que ninguém tem que ser perfeito para ter algo a oferecer. E que o bom no outro nunca vem sem o ruim (e vice versa).
bejioooos,
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